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Mostrando postagens de julho, 2013

O POTE

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Corria o ano de 1837, lá na fazenda Santa Maria o escravo Prudêncio acabara de abrir uma caieira e retirava as vasilhas de barros ainda quentes de mais uma queima a pedido da Sinhá. Tinha moringas, gamelas e muitas coisas, mas a maioria era potes de todos os tamanhos, dos muito grandes para guardar mantimentos até os pequenininhos para temperos. Os mais bem feitos e perfeitos seriam separados para a casa grande o restante ia pra senzala. Ele tinha caprichado desta vez. Aquele barro que ele achou valeu o esforço, primeiro convencer o sinhô que o barro era bom, depois ir lá para cortar o barro no barranco que de tão duro parecia pedra, trazer para cá no carro, tinha de trazer aos poucos, porque os bois num agüentaram subir aquela ribanceira. Foram varias viagem.   Depois foram as chuvas que quase levaram seu barro todo. Depois teve a quebra do milho, a lavoura, enfim, se não fosse a Dona sinhá a pedir os potes, o barro estaria lá ainda. Quem o ensinou a trabalhar com o barr

A coisa grande

Aquilo parecia um sonho de tão bom que era.                                                                    Eu estava passeando com meu pai, na estrada, debaixo daquela coisa grande. Só de eu estar na estrada já era motivo para muita alegria, pois a mãe sempre falava: “não vai pra estrada não, é perigoso por causa do caminhão de leite, ele passa em cima de vocês” Agora, lá estava eu com meu pai na estrada, e ainda por cima, debaixo daquela coisa grande. Era muita alegria, meus irmãos também tava, eles ajudavam a empurrar ela. Eu corria de perna em perna, ela tinha mais pernas que meu pai, cai varias vezes, mas levantava, e não chorava não. Uma vez a roda que tinha nas pernas dela passou em cima do meu pé, doeu muito, os olhos ficaram como quando chove, mas fiquei firme e não chorei, não podia perder aquele momento. Tinha um amigo do meu pai ajudando, se não me engano, seu nome era Benedito. Eu daqui debaixo dela, olhava pra cima e via meu pai rindo e falando com ele.